domingo, 23 de janeiro de 2011

1º de Setembro 1939


(...)Mesmo após todos os tiros cessarem continuei deitado. Eu estava paralisado. Aquilo não era mais um treinamento, nem sequer era parecido e ainda veria mais, muito mais. O que eu estava fazendo ali? Só precisava ficar vivo até tudo acabar, não iria ser muito tempo apenas algumas semanas e todos, ou a maioria, voltariam para o aconchego de suas casas e famílias. Como os soldados são ingênuos. Aquilo duraria mais tempo que se podia imaginar, mas eu ainda não sabia. Após sair do choque percebi alguns passos perto de mim. Era Gehard, éramos do mesmo pelotão. Ajudou-me a levantar e com um sorriso no canto dos lábios perguntou:
- Hey Diëg você está bem?
Demorei alguns segundos para responder.
- Acho que sim.
Ele me encarou com uma expressão um pouco mais séria.
- Tem certeza? Você ia ser atropelado por um de nossos tanques e não estava muito preocupado de sair da frente dele. Se não fosse o sargento teria sido esmagado - comentou com um tom irônico.
Mentindo pra ele e principalmente para mim, respondi.
- Está tudo bem mesmo. Apenas fui pego de surpresa. Alguma baixa?
Antes de responder tirou um cigarro da carteira, acendeu-o com o fósforo e deu uma forte tragada.
- Um rapaz do outro pelotão, Werner era seu nome, não o conhecia. Apenas esse teve o azar, no mais só alguns feridos.
Quando terminou de falar soltou a fumaça dos pulmões. Afastei-me um pouco, não suportava a fumaça de cigarro. Nossa companhia começou a se movimentar lentamente. Andamos alguns metros e Gehard falou:
-Ali está Werner.
Fomos em direção ao corpo. Era um adolescente, por volta dos 18 anos. Não me admiraria se dissessem que era virgem. Como os do soldado polonês seus olhos estavam arregalados. Suas mãos estavam sobre a barriga e uma mancha vermelha espalhava-se sobre o uniforme. Pobre garoto, devia ter muitos planos. Gehard parou ao meu lado.
- Também não o conheço - falei.
- É garoto, não foi seu dia de sorte - comentou.
De longe ouvimos um grito:
- Mexam-se soldados!
Voltamos a marchar. Nós não sabíamos ainda, mas aquele rapaz tinha sido o primeiro sortudo da companhia.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

1º de Setembro 1939


(...) Passamos por alguns blindados inimigos destruídos. Como se já não bastasse a poeira que levantava do solo por onde os tanques passavam a fumaça dos destroços dificultava ainda mais a respiração. Aquilo tudo era novo para mim, vi os corpos dos inimigos. Parei e fitei um dos homens estarrado no chão. Seu rifle estava longe. Seus olhos estavam arregalados, mas sua face não tinha expressão nenhuma. Quem era ele? Quem era sua família? Era pai? Agora não mais. Pensei por um momento que eu poderia estar no lugar daquele homem, mas isso não fazia muito sentido. Segundo nosso líder, éramos uma raça superior e conquistaríamos a Polônia em poucos menos de 3 semanas. Falava comigo mesmo quando tudo aconteceu. Algo explodiu a uns 100 metros na frente. Tiros, muitos tiros. Meu coração acelerou, o instinto logo fez com que deitasse no chão. Eu tentava levantar a cabeça para ver algo, mas não conseguia. Escutei um estouro no meu flanco, era um tanque, dos nossos, porém vinha em minha direção. Estava paralisado Foi quando me senti enforcado com a gola da camisa e logo percebi que estava sendo arrastado. Era meu Oberscharführer (sargento) estavámos dentro de uma cratera de umas bomba quando paramos. Eu via seus lábios se mexerem, mas não fazia idéia do que tentava me dizer, mas sua expressão da face dava a entender que estava me xingando. Pegou meu rifle e colocou em minhas mãos. Como um capataz de escravos com um chicote nas mãos ele me ordenou para atirar no inimigo. Eu estava com falta de ar, meu peito doía quando puxava o ar para dentro dos pulmões. Tentei mirar, mas não conseguia minha vista estava embaçada com alguns pontos brilhantes aleatoriamente espalhadas por ela. Nesse momento entendi a expressão ver estrelas. Não mirava em nada, mas fui apertando o gatilho. Carreguei e atirei de novo. Pouco a pouco os tiros foram diminuindo. Até o momento de eu escutar o Waffenruhe (cessar-fogo).(...)

domingo, 16 de janeiro de 2011

1º de setembro 1939


Meu nome é Diëgsche Mallmann e essa foi uma parte da minha vida que não queria ter vivido.

Marchávamos rapidamente. Eu estava suando, mas era por causa do nervosismo. Era outono e sol estava forte, o terreno era meio árido e a poeira que os blindados levantavam me deixavam com dificuldades para respirar. Nossos aviões passavam por cima de nós e podia-se escutar de longe o barulho das bombas de nossos bombardeiros atingindo seus alvos. Só de imaginar que o inimigo estava a poucos quilimetros de nós me dava um embrulho no estomago. Havia chegado o momento que o Führer sempre falava. Iríamos recuperar a honra tirada de nós pelo tratado de Versalhes e recuperar Danzig. (...)